Notei que tenho apetite por escrever sobre alguns assuntos pouco confortáveis de se ler. Assédio, abuso, violência doméstica… Não nego que a escrita desses temas me satisfaçam, para mim, dar voz a situações que são parte da realidade em que vivemos e que muitas vezes são omitidas por medo, falta de palavras, ou por temer a crítica sobre assuntos tão delicados como estes é um ato não apenas de visibilidade mas de apoio às pessoas (homens ou mulheres, crianças ou jovens) que passaram por humilhação e violação da sua integridade.
Me perguntaram há cerca de um mês e meio de onde vinha essa “névoa obscura” que cobre meus textos, e foi durante o período em que me afastei para escrever algo muito mais pessoal (agora concluído, reunindo apenas força mental para reler, sonhei inclusive que escondia aquele curto livro dentro da parede e ele havia amaldiçoado a casa toda) que descobri não apenas a razão da existência dessa “névoa” ou o porquê de tais textos me agradarem tanto, como também algumas respostas que feriram a mim mesma mas ao mesmo tempo abriram-me os olhos para verdades sobre a minha existência que eu ocultava a fim de não precisar lidar. A verdade é que a obscuridade que se referem aos meus textos nada mais são do que relatos reais, vivenciados por mim ou ao meu redor. Filmes de terror assustam muito mais quando no rodapé aparece a frase “baseado em fatos reais”, o mesmo vale aqui, em tudo o que escrevo.
Me sugeriram de forma muito educada que eu deveria “parar de escrever textos como aqueles”. Posso responder somente que não tenho a intenção de permanecer omissa enquanto temas tão profundos ainda são de grande valor (pessoal) para mim e ainda servirem de retrato para outras pessoas que não possuem sua própria voz ou que, por algum motivo, são coagidas e sentem medo em se expor.
O ser humano que recomendou que eu parasse de escrever utilizou uma ótima palavra para descrever os meus textos, segundo ele, meus textos são “Soturnos”.
Sinto muito que minhas palavras te provoquem horror, mas eu vou continuar escrevendo.
– Rejane Leopoldino
Rejane, benvida mais uma vez com a sua presença on-line.
A forma “educada” com que alguém se atreveu a mandar-vos “parar de escrever textos como aqueles” é o que considero horroroso e inaceitável, e não a sua escrita, a qual gosto de ler.
Cada um de nós tem o direito de escrever sobre os assuntos que nos tocam na profundeza do nosso ser. E é isso mesmo que você faz com tanta candura admirável.
Espero que tenha sempre a coragem de escrever sobre tudo que precisa de escrever e fechar o seu coracão à crítica não merecedora.
“Horror” seria a falta das suas palavras!
Emanuel
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Emanuel! Muito obrigada pelo carinho, fico feliz que meus textos te agradem!
Eu aqui também considero horrorosa a opinião daquele ser humano. Críticas surgem à medida em que melhoramos nosso trabalho, a considero portanto, um indicador de evolução como escritora.
“É bom estar de volta!”
Grande abraço! ❤️
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Rejane, a psicóloga sempre fala isso pra mim “se não fosse seus fatos reais você não estaria onde está hoje, se não fosse seus fatos reais talvez sua escrita não seria vívida…”
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Cris,
O empirismo ainda é a melhor ferramenta de análise. Concordo com ela, somos todos uma sequência de devir e resiliência.
Beijos! ❤️
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Rejane, adorei e adoro tudo o que escreves (sou tua fã, sabe?), justamente por falares sobre realidades, em medo de “tocar na ferida”. Penso que todos estes temas que escreveste são muito necessários e precisam de discussão, reflexão, etc. Quando eu escrevo sobre relacionamentos abusivos ou coloco no meio de uma poesia algo forte, também recebo críticas, mas prossigamos, não é? Saudades! Beijos, G. ❤
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Oi, G!
Como tem passado?
Também acredito que esses temas precisam ser debatidos, para não cair no esquecimento nem se esconderem atrás de uma ilusão que diz que tais eventos não ocorrem.
Grande Beijo!
❤
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Rejane querida,
Estou bem, mas um pouco ocupada para me dedicar ao blog. Em breve retorno. Beijão.
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